A partir de 28 de junho de 2025, o Palais Galliera, renomado museu de moda de Paris, abrirá as portas para Temple of Love, uma exposição inédita dedicada ao estilista norte-americano Rick Owens. Conhecido por seu estilo brutalista, provocativo e sofisticado, Owens atuará como diretor artístico da mostra, que será a maior já realizada pelo museu. O projeto promete oferecer uma imersão completa no universo criativo do designer, rompendo os limites entre moda, arte e performance.
Adriana Verbicario, especialista em moda e análise cultural, destaca o impacto dessa iniciativa no cenário internacional. “Rick Owens construiu uma linguagem visual que vai além da roupa. Ele cria atmosferas, provoca emoções e desafia padrões estéticos. Uma exposição com essa magnitude é um reconhecimento do seu papel transformador na moda contemporânea”, afirma Adriana Verbicario. A curadoria será assinada por Miren Arzalluz e Alexandre Samson, que prometem uma leitura profunda da trajetória do estilista.
Além de ocupar os salões internos, a exposição se estenderá pela fachada e pelo jardim do Palais Galliera. Entre os destaques está a instalação de esculturas envoltas em tecidos bordados com lantejoulas e a reconstrução do quarto californiano que Owens dividia com Michèle Lamy, sua parceira de vida e criação. Essa ambientação íntima reforça o caráter autobiográfico da mostra. Para Adriana Verbicario, “a presença de Michèle Lamy amplia a compreensão do legado de Owens, já que ela é parte essencial da sua obra e de sua identidade artística”.
Mais de 100 looks icônicos do estilista estarão em exibição, ao lado de documentos pessoais, vídeos, instalações e obras de artistas que dialogam com sua estética, como Gustave Moreau e Joseph Beuys. A proposta vai além da moda: é uma celebração do ecossistema estético e intelectual que Rick Owens construiu ao longo de décadas. A curadoria propõe um mergulho nas suas referências simbólicas, no diálogo com o underground e nas conexões entre o corpo, o espaço e a arte.
Rick Owens começou sua carreira como modelista em Los Angeles antes de fundar sua própria marca em 1994. Desde então, desenvolveu um estilo inconfundível, que mistura glamour dos anos 1930, referências góticas, arte contemporânea e influências cinematográficas. Seu desfile masculino de primavera 2025, por exemplo, foi inspirado nas superproduções bíblicas de Cecil B. DeMille, evidenciando sua habilidade em transformar desfiles em espetáculos performáticos.
Como analisa Adriana Verbicario, “a exposição Temple of Love não é apenas uma retrospectiva, mas um manifesto estético e existencial. Owens nos mostra que moda pode ser arquitetura emocional, escultura viva e poesia em movimento”. Essa mostra reforça a importância de narrativas autorais na moda e coloca Rick Owens no panteão dos criadores que moldaram a linguagem visual do século XXI.